Rio está entre as 10 metrópoles mais desiguais do mundo, diz estudo da Casa Fluminense


O Rio de Janeiro está entre as 10 metrópoles mais desiguais do mundo. É o que aponta o Mapa da Desigualdade da Região Metropolitana, ao qual o RJ2 teve acesso com exclusividade.

O estudo realizado por pesquisadores da Casa Fluminense – uma organização que debate políticas públicas – mostrou que as cidades da Baixada Fluminense apresentam os piores indicadores de desenvolvimento humano e social do estado.

 

A Região Metropolitana conta com mais de 13 milhões de habitantes, distribuídos em 22 cidades. Dez deles formam a Baixada Fluminense, onde os moradores encontram os piores indicadores de desenvolvimento humano e social do estado.

 

“Se a gente tem uma cidade desigual é porque a gente tem uma sociedade desigual. A cidade é reflexo de uma sociedade. Se a gente tem uma sociedade que na sua história se preocupou pouco com a inclusão, ela produziu uma cidade onde o pobre subiu as favelas ou foram para a periferia mais profunda. Estamos o tempo todo excluindo pobres e negros. Isso acaba fazendo com que muitas pessoas vivam o exílio da periferia”, explica Vitor Mihessen, pesquisador da Casa Fluminense.

 

Segundo o levantamento, em 13 cidades do Grande Rio, os trabalhadores gastam no transporte público mais de 1/3 do que ganham.

 

Todo dia, pelo menos 2 milhões de pessoas vão trabalhar ou procurar emprego na capital do estado, onde estão as melhores oportunidades e o maior número de vagas formais.

 

Para a empregada doméstica Cristina Maria Santos, que mora em Queimados, na Baixada Fluminense, e trabalha em Botafogo, na Zona Sul do Rio, o gasto diário com o transporte chega em R$ 40.

 

As oportunidades de trabalho em outros municípios são poucas, como mostra o mapa da Casa Fluminense (veja abaixo).

Em 6 cidades, de cada 100 pessoas, menos de 10 são trabalhadores registrados.

Japeri, outro município da Baixada Fluminense, é a cidade com menos empregos formais de todas.

 

“O Rio de Janeiro tem uma história de ter sido a capital do país então concentrou muitos investimentos, muitos prédios públicos e muito emprego na região central. Na medida que a gente se afasta e constrói residências na periferia a gente está mostrando ali essa concentração de oportunidades que reflete na desigualdade”, disse Vitor Mihessen.

 


Diferença salarial
A cidade de Magé é onde se vive com a menor média salarial da Região Metropolitana, como mostrou o estudo. Quando observamos a questão racial entre os trabalhadores formais, a desigualdade assusta ainda mais.

 

Os salários dos trabalhadores brancos chegam a ser 40% maior que o dos negros.

A desigualdade que aparece na raça também é percebida no gênero. Em Itaguaí, os homens chegam a ganhar em média mais de um 1/3 do que as mulheres da mesma cidade.

 

Educação
Quando o assunto é educação, a desigualdade também está presente. Apesar disso, um dado é comum a todas as 22 cidades da Região Metropolitana: todas têm notas menores que a média nacional no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), exame que mede a qualidade do ensino básico.

 

O pior rendimento está nas escolas de São Gonçalo.

Segundo um estudante da rede pública do município, as dificuldades são: se manter na escola; continuar interessado a estudar; ter escolas sucateadas e sem investimentos; e métodos ultrapassados de ensino.

 

Para Jucileide, moradora do bairro Rio do Ouro, em Queimados, outro problema grave é a falta de unidades de ensino para crianças menores de cinco anos.

 

“Eu olho minhas irmãs e minha filha, meu esposo trabalha e minha mãe também. Se eu arrumar um emprego com quem vou deixar as crianças?”, perguntou Pâmela, que mora numa região localizada entre as cidades de Queimados, Japeri e Nova Iguaçu, mas não sem opção de creche.

 

Indicadores da desigualdade
Queimados, novamente um município da Baixada Fluminense, lidera o ranking com a menor expectativa de vida entre os moradores da Região Metropolitana.

 

As pessoas da cidade morrem, em média, com 58 anos de idade. Em Niterói, por exemplo, se vive, em média, até os 70 anos.

Niterói também tem o melhor sistema de saneamento básico da região, com quase 100% do esgoto doméstico tratado.

 

Ao todo, nove cidades da região não tem saneamento básico. Japeri, na Baixada, é uma delas. Lá o esgoto produzido nas casa é lançado diretamente nos rios.

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