Levantamento mostra falta de vagas de terapia intensiva nas principais emergências do Rio


O RJ2 desta segunda-feira (20) revelou dados de um levantamento sobre a lotação das unidades de terapia intensiva (UTIs) no Rio de Janeiro. Autoridades dizem que 90% dos leitos estão ocupados, mas nas principais emergências da cidade não há mais vagas de terapia intensiva.

Fontes ouvidas pela equipe de reportagem analisaram qual é a atual situação das UTIs de 19 hospitais públicos da capital – os maiores e mais importantes. Isso inclui unidades de responsabilidade da prefeitura e dos governos estadual e federal.

 

As informações do levantamento indicam que, nas 19 unidades de saúde (confira a situação em cada uma das unidades abaixo), existem apenas 18 leitos disponíveis em UTIs – 13 deles são exclusivos para crianças, ou seja, sobram cinco leitos para adultos.

 

A pesquisa também apontou que 42 pessoas estão, neste momento, aguardando uma vaga na UTI para adultos. Desse total, 19 estão com suspeita de estarem infectadas com o novo coronavírus e precisam de respiradores pulmonares.

 

Unidades de referência também têm falta de vagas
Em unidades consideradas como referência para tratar casos de Covid-19, como o Hospital Municipal Ronaldo Gazzola, em Acari, na Zona Norte, dos 72 leitos, apenas três estavam livres.

No Instituto Estadual do Cérebro, no Centro, 40 leitos permaneciam ocupados e outros sete estavam bloqueados por falta de insumos ou equipamentos. E no Hospital Municipal de Anchieta, Zona Norte, são oito leitos de UTI, todos ocupados.

Ainda na Zona Norte do Rio, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, há 24 leitos adultos e, até a última atualização, todos cheios. Também existem quatro leitos pediátricos, sendo que dois estavam ocupados.

 

O Hospital Municipal Jesus, também em Vila Isabel, só atende crianças e tem oito dos 20 leitos pediátricos com respiradores disponíveis.

 

No Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, Zona Sul, os 12 leitos de UTI estavam ocupados. Na Coordenação de Emergência Regional (CER) Leblon, ao lado do Miguel Couto, há 20 leitos designados para pacientes com Covid-19. Todos estavam ocupados.

 

De volta à Zona Norte, no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, os 13 leitos de UTI para pessoas com coronavírus estavam com doentes internados.

 

O mesmo ocorre no Hospital estadual Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste. Lá são dez leitos para Covid-19, 30 para outras doenças e nove pediátricos.

 

No Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, também na Zona Oeste, todos os 14 leitos de UTI estão cheios – quatro deles com pacientes diagnosticados com coronavírus. O mesmo quadro no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz: todos os 30 leitos ocupados.

 

No Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, os dois leitos reservados para Covid-19 também estavam ocupados. Além desses, outros 18 para doenças gerais, também. E também no municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, todos os 13 leitos seguiam cheios.

 

O mesmo panorama no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, Zona Norte. Lá, dez leitos estão ocupados. No Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, todos os 20 leitos de UTI têm doentes.

 

No Hospital Getúlio Vargas, na Penha, as 40 vagas estão ocupadas. Há dez pacientes com Covid-19. Os oito leitos da pediatria também estavam cheios.

 

E nos hospitais federais a situação não é diferente. No Hospital Clementino Fraga Filho, os 12 leitos de UTI estavam ocupados. No Hospital Federal da Lagoa, dez leitos e todos ocupados. As oito vagas na UTI pediátrica, também.

 

Para mudar o panorama, o governo federal tinha prometido abrir 170 leitos para Covid-19 no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte. No entanto, até agora só há 11 leitos de UTI e todos estão ocupados. Na pediatria da unida de saúde, há quatro leitos, mas só permanece livre.

 

Um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro ajuda a prefeitura carioca com as projeções matemáticas sobre a evolução dos casos de Covid-19. E o cenário analisado revela um número preocupante.

 

Até o dia 29 de abril, a capital teria 6.684 casos de coronavírus. O número representa um aumento de cerca de 80% do total doentes em apenas nove dias.

 

Prefeitura e governos afirmam que mais vagas serão abertas
Em nota, a Prefeitura do Rio informou que trabalha para abrir mais leitos de UTI nos próximos dias. Segundo a administração municipal, a chegada de respiradores e equipamentos de proteção individual comprados da China será fundamental para a abertura de mais leitos no Hospital Ronaldo Gazzola e no hospital de campanha no Riocentro.

 

A prefeitura acrescentou que, além dos leitos públicos, abriu uma licitação para contratar mais 1 mil leitos de UTI na rede particular. O edital, segundo o município, deve ser publicado na quarta-feira (22).

 

O Ministério da Saúde, até a publicação da reportagem, não respondeu aos questionamentos sobre a falta de leitos disponíveis para Covid-19 na rede federal no RJ.

 

A Secretaria estadual de Saúde, também em nota, disse que todos os leitos de UTI do Hospital Pedro Ernesto estão ocupados. Já no Instituto do Cérebro, a pasta informou que há 88% de ocupação.

 

A secretaria também comunicou que há vagas de UTI disponíveis no Hospital Anchieta, no Caju, e que a ocupação da UTI de lá é de 42%. Os dados obtidos pelo RJ2, no entanto, mostram que todos os leitos de UTI, que estão prontos no Hospital Anchieta, estão ocupados.

A produção do RJ2 perguntou à secretaria porque os dados não foram atualizados nos sistemas alimentados pelo próprio governo, mas não houve resposta. Em todo o estado, o governo afirma que, hoje, 76% dos leitos de UTI estão ocupados. Há 11 dias, eram 63%.

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