Comprado pela prefeitura, edifício A Noite pode virar hotel ou condomínio; veja como está por dentro


Imóvel, que sediou a Rádio Nacional, foi comprado pela Prefeitura do Rio. Cada andar tem aproximadamente mil metros quadrados de área e pé direito de no mínimo 5 metros.

Recém adquirido pela Prefeitura do Rio, o edifício A Noite, na Praça Mauá, pode virar um hotel ou condomínio. O primeiro arranha-céu da América Latina, que já abrigou o antigo jornal A Noite e a Rádio Nacional, tem mais de cem metros e é tombado.

Inaugurado em 1929, o prédio virou patrimônio da União em 1940. Ao longo de muitas décadas, algumas repartições públicas funcionaram no local.

“Só o 15º andar tinha mais de 200 pessoas”, diz José Nogueira, que há 27 anos é o guardião da portaria.

São histórias de um passado nem tão distante assim. Quinze anos atrás ainda tinha gente trabalhando no prédio.

“Ele é uma espécie de exibicionismo arquitetônico e urbanístico dos anos 20, quando ainda a cidade tinha uma escala bem reduzida, porque a Rio Branco já estava com seus quatro andares, cinco pavimentos e tal, mas o Morro do Castelo já tinha ido embora, então havia uma oferta de terrenos extraordinários e ainda assim se resolve fazer o maior edifício da América Latina”, lembra o arquiteto e urbanista, Carlos Fernando Andrade.

Na sexta passada (31), o edifício, que é um marco na história da cidade, ganhou um novo dono. Depois de quatro leilões fracassados, a prefeitura arrematou o prédio do Governo Federal por R$ 29 milhões. O pacote inclui 22 andares, 30 mil metros quadrados de área construída e uma vista de tirar o fôlego de qualquer um.

Uma coisa que chama a atenção é a amplidão dos espaços. Cada andar tem aproximadamente mil metros quadrados de área e pé direito de no mínimo 5 metros.

A prefeitura diz que arrematou o imóvel para garantir que ele vire um ponto de virada na reocupação do Centro da cidade.

“As duas principais maiores vocações seriam residencial e hotel pelo momento que as lajes comerciais, os prédios comerciais, as grandes lajes comerciais vivem aqui no Rio de Janeiro”, diz o presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), Gustavo Guerrante.

“Você tem um movimento 24h, você tem um movimento, uma circulação de pessoas muito grande e o prédio é muito icônico. A vista é muito bonita, tem muito a ver também com hotel. Seja um hotel, seja um residencial, a gente entende que essa área vai estar muito bem servida aqui na Praça Mauá.”

 

O imóvel vai precisar de uma boa reforma. Alguns andares estão bem conservados, mas outros nem tanto.

 

“Agora, a gente começa com avaliação estrutural, com laudo estrutural. A gente já fez um relatório bastante denso, fotográfico. Agora, a gente tá na fase de análise desse relatório, relatório aí de 200 páginas, bastante completo, a partir daí, com esse relatório, a gente consegue fazer uma avaliação estrutural interessante”, explica Guerrante.

 

A prefeitura avalia que a recuperação total do edifício vai custar entre R$ 80 e R$ 100 milhões — três vezes mais do que foi pago no leilão.

 

“Existe a forma da prefeitura vender diretamente. Você pode ter um interessado que faz essa aquisição direta. A gente pode fazer isso via permuta financeira, ou seja, a prefeitura cede uma parte e recebe isso ao longo do desenvolvimento do projeto, ao longo da venda desse projeto”, diz Guerrante.

 

Os custos podem ficar um pouco mais caros porque algumas partes dos prédios são tombadas pelo Patrimônio Histórico, como a fachada que tem detalhes em art déco.

 

Entre os elementos tombados do prédio está uma escada em caracol toda de ferro, que começa no subsolo e vai até o último andar.

 

A antiga Rádio Nacional funcionava nos 18º e 19º andares. Por lá, passaram muitos famosos, como Agnaldo Timóteo, Jerry Adriani, Vanderley Cardoso e Angela Maria.

 

“A Rádio Nacional se instala na época do período do estado novo e ela era tão importante, do ponto de vista sobre todos os aspectos. Ela que inaugura a telenovela, a ideia da música popular brasileira trazendo outros conjuntos do Brasil inteiro pra cá e também exportando essa ideia da música popular brasileira para o Brasil inteiro.”

 

Em 2012, a Rádio Nacional deixou definitivamente o prédio, depois de 76 anos.

 

 

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