Campos lidera produção leiteira do Rio de Janeiro com 40% do total


Um aumento de 1,3% na produção leiteira do Norte e Noroeste Fluminense fez crescer a participação da região Norte nos números do estado do Rio de Janeiro. De 18,02% registrados no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região subiu para 19,32% na análise do primeiro trimestre de 2021: Campos lidera o ranking dos municípios produtores, com 33.477 mil litros produzidos; equivalente à 40,12% da produção total da região Norte.

Campos, entretanto, registrou uma pequena queda na produtividade por cabeça de gado, cerca de 0,61%. A inconstância dos números da produção leiteira de Campos acompanha a instabilidade climática da Planície. Acontece que, dependendo do clima mais frio ou mais quente, ou então do volume maior ou menor de chuva, a produção por vaca se altera, de acordo com Ronaldo Bartholomeu dos Santos, produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Campos.

 

 

— Esse ano teve essa frente fria e a produção leiteira despencou, o que vai se refletir nos números do ano que vêm – alertou, explicando que as vacas tiram energia do organismo para realizar a termorregulação e – diante de um clima mais frio — a tendência biológica é de reter.

 

Outros municípios também tiveram destaque, como São Francisco de Itabapoana, que produziu 16.386 mil litros ou 19,64% do total do estado; São Fidélis registrou uma produção de 11.020 mil litros ou 13,21% da região.

 

O presidente do Sindicato Rural, Ronaldo Bartholomeu, ainda acrescentou que o crescimento é “muito bom para o município” e que, fora das planilhas, representam uma maior circulação de dinheiro no interior do município. “Pena que não temos nenhuma cooperativa ou laticínio dentro da cidade para aproveitar esse crescimento, enquanto isso elas se instalam nas cidades vizinhas e deixam de gerar empregos aqui em Campos”, lamentou.

 

Nas cidades vizinhas o leite campista é comercializado por cerca de R$ 2,40, mas Bartholomeu afirma que o valor pago não é o suficiente para cobrir todas as despesas da produção leiteira. “É um preço defasado que não cobre todos os nossos custos”, comentou e, brincando, concluiu: “O leite está caro, o queijo tá caro, mas nós produtores não estamos vendo esse dinheiro todo no bolso”.

 

 

Pecuária precisa de mais tecnologia
As queixas do presidente do Sindicato Rural vão de encontro às pontuações do economista Alcimar Ribeiro, diretor do Núcleo de Pesquisa Econômica do Rio de Janeiro (Nuperj), da Uenf, sobre o crescimento: “Precisamos pensar um formato de organização produtiva com a inserção de tecnologia e conhecimentos para os pequenos produtores que passa também pelo apoio para escoamento e a comercialização dos produtos”.

 

 

Apesar do desgaste da imagem das cooperativas, o economista Alcimar vê bons exemplos na região em outras áreas do agronegócio, como a Cooperativa Agroindustrial do Rio de Janeiro (Coagro) e também no sul do país.

 

Para Alcimar Ribeiro “é fundamental ações de planejamento visando, além do aumento da produtividade leiteira, a eliminação das desigualdades regionais e no interior de cada região, através de um modelo piloto padrão com a demonstração das melhores práticas e estratégias de correção dos gargalos existente, seriam essenciais para a reorganização produtiva”.

 

O também economista José Alves de Azevedo Neto compartilha da mesma posição de que há necessidade de mais tecnologia no setor da pecuária, no município. “Esse aumento de produtividade agrega valor à produção local, mas seria mais interessante se nós tivéssemos uma fábrica, como a antiga Cooperleite, com a qual agregaríamos muito mais valor e teríamos o verdadeiro agronegócio”, disse ele.

 

 

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