‘Battlefield 1’ supera ‘Call of duty’ ao voltar à 1ª Guerra Mundial;
G1 jogou Campanha com narrativas ricas faz franquia ultrapassar rival de longa data. Multiplayer continua modo principal, mas história é a melhor em anos. Criadas no início dos anos 2000, as séries “Call of duty” e “Battlefield” a princípio não eram rivais diretas. Enquanto a primeira focava no seu modo história, a segunda esquecia completamente a campanha para oferecer batalhas entre dezenas de jogadores — tanto que na época muitas vezes só era possível desfrutar completamente em lan houses. “Battlefield 1”, produção mais recente da franquia da EA, finalmente conseguiu o equilíbrio entre os dois fatores — no melhor jogo do gênero em muito, muito tempo. Assista ao trailer no vídeo acima.
Ironicamente, sua desenvolvedora, a Dice, conseguiu a façanha ao finalmente desistir de superar — e copiar, de certa forma — seu principal competidor. Enquanto “Call of duty” irá ao futuro espacial em “Infinite warfare”, o novo “campo de batalha” volta mais uma vez no tempo e explora um conflito pouco explorado pelos games até o momento, a Primeira Guerra Mundial.
Conhecida como “A guerra para acabar com todas as guerras”, como o jogo lembra bem em um de suas muitas e competentes contextualizações, o primeiro grande confronto global nunca atraiu grande atenção das desenvolvedoras. Afinal, como adaptar um conflito com peculiaridades que pareciam difíceis de oferecerem grande ação para jogadores, como o uso intensivo de trincheiras e gases venenosos?
Modo de muitas histórias
A resposta apresentada pelo jogo é nunca se concentrar por tempo demais em uma coisa. Assim, o modo campanha apresenta seis histórias diferentes protagonizadas por heróis distintos, cada uma com locações, estilos de combate e estratégias únicas. Com a vantagem de não precisar apelar para o velho clichê do personagem superpoderoso que resolve sozinho uma guerra inteira.
Entre as cinco missões e a introdução arrebatadora, o jogador se junta à linha de frente de um confronto de larga escala, protege um tanque, pilota um dos ainda primitivos aviões contra um gigantesco zepelim, e até ajuda o lendário Lawrence das Arábias na pele de uma beduína nas areias do deserto.
Algumas mais, outras menos, mas todas conseguem equilibrar bem a ação com o peso narrativo. Na melhor delas, a do piloto, o jogador se vê em um momento desfrutando de total liberado ao cruzar os céus, apenas para testemunhar o de perto o terror das trincheiras, enquanto luta para salvar um companheiro após cair atrás de linhas inimigas.
Com visuais deslumbrantes e uma trilha sonora que ajuda muito a criar a atmosfera correta de cada situação, a campanha claramente tem seus problemas. O principal deles é ser tão curta que em muitas histórias deixa o jogador com vontade de explorar mais aqueles ambientes visitados tão rapidamente.
eguem o pombo
Com isso, a história também cumpre aquela sua velha função de introdução, ao mesmo tempo em que funciona como aperitivo, ao multiplayer online. O clássico modo Conquista está lá, assim como suas variações que sempre deram certo, em cenários vastos e repletos de personalidade.
Há também a novidade Pombos de guerra, na qual os dois times devem utilizar os mensageiros alados para pedir apoio de artilharia — enquanto tenta impedir que os inimigos façam o mesmo.
O game também traz algumas modificações às classes dos soldados, que parecem um pouco mais simples, ao mesmo tempo em que talvez estejam menos intuitivos. Jogadores que seguem a série mais de perto nos últimos anos sofrerão um estranhamento maior.
“Battlefield 1” é o game que finalmente coloca a franquia à frente do rival de forma inquestionável. Após anos de tentativas fracassadas de adaptar seu próprio estilo ao sucesso de “Call of duty”, é irônico que a série tenha conseguido o sucesso ao olhar para o passado — tanto na escolha da ambientação quanto com a campanha rica e instigante. Pela primeira vez em mais de uma década, posso finalmente dizer que vim pelo multiplayer, mas fiquei pela narrativa.

25 de Outubro, 2016