Ponte da Integração e da dúvida


A fase atual das obras da Ponte da Integração, entre São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, remete àquela que o empreendimento prometeu substituir: Só nos pilares, as duas pontes retratam épocas, investimentos de diferentes esferas de governo e situações econômicas, mas leva a todos o medo de permanecer como está. Com o Governo do Estado em situação financeira delicada, com dificuldade para remunerar os servidores, a incerteza da finalização da obra fica mais evidente. Prefeitos da região sabem da importância do empreendimento e pretendem recorrer aos parlamentares da região para pressionarem o governo a concluir a obra.
Durante a campanha eleitoral, o atual prefeito de São Francisco de Itabapoana, Pedrinho Cherene, falou sobre o que tem feito e o que pretendia fazer, caso permanecesse no cargo, para garantir a conclusão da ponte.
— A ponte da Integração é de extrema importância para a economia regional e até mesmo nacional, já que estará interligando não só dois municípios, como também dois grandes empreendimentos vizinhos que é o Açu e o Porto Central. Já conversei com o governador Dornelles sobre o assunto e ele me garantiu que a ponte é irreversível. Mas o momento realmente é delicado financeiramente falando — argumentou o prefeito não reeleito.
Sua sucessora no cargo, Francimara Barbosa Lemos, também enumerou, além da importância para setores da economia já citados, como agricultura e conexão entre os portos do Açu e Central, a importância para a integração do turismo e entretenimento: “É fundamental para o desenvolvimento de São Francisco, ligando os portos do Açu e Presidente Kennedy (ES). Mas acredito no desenvolvimento do turismo, inclusive incentivando eventos esportivos artísticos e culturais no eixo Gargaú a Barra do Itabapoana, criando assim a Rota do Sol. E é preciso lutar com garra, junto aos deputados e prefeitos, para a conclusão da sonhada ponte”, argumentou.
O atual prefeito de São João da Barra, Neco, e sua sucessora, Carla Machado, foram contatados por telefone, mas não atenderam ou retornaram até o fechamento desta edição.
Mais de 30 anos de expectativa separam a Ponte João Figueiredo e a Ponte da Integração, que foi marcada por adiamentos para início das obras, por conta de ações judiciais durante a licitação e também na liberação das verbas. Iniciada em 2014, a obra orçada em R$ 105.789.109,67, teve quatro datas definida para a entrega dos 1.344 metros de extensão, sobre 35 pilares. A última interrupção nos trabalhos aconteceu em dezembro de 2015, sob justificativa do alto nível do rio Paraíba do Sul. O rio atualmente voltou à seca e mesmo com liberação de R$ 40 milhões, as obras não foram retomadas.
Situação econômica do RJ influencia
Oposição na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Bruno Dauaire (PR), acredita que a pressão dos parlamentares da região na Casa pode reverter a situação: “O governo vem reiteradamente prometendo a conclusão dessa ponte. A cada momento eles falam uma data e agora, com a situação do Estado, a gente sabe que vai ser difícil prosseguir essa obra. Como parlamentar o que eu vou fazer é continuar cobrando. A gente está oficiando, nesta semana, através da Comissão de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense, da qual eu sou presidente, tanto a secretaria de Obras quanto o DER para saber informações a respeito da obra. Para que a gente possa ter embasamento na hora de cobrar corretamente o que falta para ser concluído”, disse.
Para o primeiro-secretário da Alerj, Geraldo Pudim (PMDB) a solução pode ser o Governo Federal. “Diante da situação econômica caótica que vive o Governo do Estado, que não consegue nem pagar em dia os salários dos funcionários, só vejo uma alternativa: pedir ajuda ao Governo Federal. Se não for dessa forma teremos um novo elefante branco como a Ponte Alair Ferreira. Cobrança de nossa parte não faltou e não vai faltar, mas a realidade é essa”, afirmou.
Economista é otimista sobre conclusão
Em entrevista à Folha da Manhã, o economista Ranulfo Vidigal foi mais otimista. Para ele, diante da magnitude da obra e de sua importância para a atividade econômica do Porto do Açu, ela será concluída. E destaca que o Açu precisará de interligação com o Porto Central, em Presidente Kennedy, município do Espírito Santo que é vizinho de são Francisco de Itabapoana. O percurso entre São João da Barra e São Francisco seria encurtado em 100 km, com a conclusão da ponte.
– O Estado do Rio de Janeiro vai fazer, até abril, um rearranjo nas suas contas, em função da queda na arrecadação e do endividamento, que está muito elevado. Mas como essa é uma obra que já está em andamento, já tem contrato, já tem licitação, e como o Governo ainda tem dois anos, tudo leva a crer que, ao longo de 2017, essa obra ganhe volume e seja consolidada – prevê o economista, que disse ainda que “no passado, quando você tinha obra financiada por emenda federal e verba federal, não havia o Açu como estratégia”, concluiu.

O DER enviou nota dizendo que “o Departamento de Estradas de Rodagem está aguardando a liberação de verba para continuar os serviços da Ponte da Integração”.
FONTE:http://www.fmanha.com.br/
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